Introdução
Como é possível haver ordem social? Essa é a questão central para Habermas. A modernidade dispõe de diversas condições para sustentar a ordem social. Entre elas há uma indispensável e promissora: trata-se de um tipo especial de racionalidade, a racionalidade comunicativa, forte o bastante para evitar o colapso social, porém frágil, falível, sem pretensão salvífica, sem pretensão de circunscrever o saber. Mantê-la representa ao mesmo tempo a esperança de que as forças comunicativas não esmoreçam; apostar em seu poder representa a esperança de emancipação para o maior número possível de pessoais, grupos, comunidades. A realização dos potenciais da modernidade, principalmente em termos de ordem social legítima e justa, pode modificar a nossa atual situação (violência, exclusão social, degradação ambiental...).
Habermas, o mais notório filósofo da atualidade, considerado um dos mais influentes e combativos, procura responder às questões, desafios, projetos e contradições de nossa época. Sua obra extensa e marcante tem sido alvo de atenção e polêmica; suas idéias nos campos da filosofia, ciências humanas, política, direito, ética e, principalmente a reflexão sobre nossa época histórica, a modernidade, se tornaram indispensáveis para o pensamento crítico prosseguir sua tarefa construtiva.
Iniciou sua carreira de professor e pesquisador (Departamento de Filosofia em Frankfurt), tendo sido assistente de Adorno no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt Pertence à 2ª geração da Escola de Frankfurt. Nasceu em Düsseldorf, Alemanha, em 1929. Doutorou-se com uma tese sobre Schelling, desenvolveu uma longa e produtiva carreira. Foi diretor do Instituto Max Planck, aposentou-se da carreira acadêmica em 1994, mas continua produzindo e sendo solicitado a opinar e expor seu pensamento em conferências, entrevistas e artigos. Em 2003 recebeu o Prêmio Príncipe de Astúrias, pelo seu trabalho em ciências sociais, e em 2004, o prêmio Kyoto, pela relevância social, filosófica e política do conjunto de seus escritos. Sua obra mais divulgada é Mudança Estrutural da Esfera Pública (Strukturwandel der Öffentlichkeit), de 1962, em que propõe a existência de uma esfera pública que faz a mediação entre a sociedade e as estruturas político-econômicas. Nessa esfera atua a opinião pública, de forma livre e reflexiva, cujo papel e influência são muitas vezes decisivos em questões essenciais da sociedade.