RESULTADOS
Os dados coletados, de acordo com a metodologia exposta anteriormente, estão organizados em grupos. Estes representam, seqüencialmente, a caracterização da amostra quanto aos dados pessoais relevantes, os fatores de riscos familiares, os aspectos relacionados ao trabalho, queixas e satisfação no mesmo – apesar da análise do perfil da amostra não estar nos objetivos propostos, ela servirá para futura discussão em aspectos relevantes do estudo. Em seguida os dados correspondentes à percepção do estresse, desconforto corporal e qualidade de vida.
5.1. Perfil da amostra
A caracterização dos participantes da investigação foi realizada segundo os critérios de sexo, escolaridade, estado civil e filhos, inclusos no inventário de identificação geral. Evidenciou-se que dentre os nove participantes 67% eram do sexo feminino e 33% do masculino; 89% tem como nível de escolaridade o ensino médio completo e 11% o ensino superior incompleto; 88% dos participantes são solteiros e 22% casados; 67% não possui filhos e 33% possui (tabela 1).
Tabela 1: Distribuição dos voluntários por gênero, escolaridade, estado civil e presença de filhos.
Variáveis | f | f% |
---|---|---|
Sexo |
|
|
Masculino | 3 | 33% |
Feminino | 6 | 67% |
Escolaridade |
|
|
Ensino Médio completo | 8 | 89% |
Ensino Superior incompleto | 1 | 11% |
Estado Civil |
|
|
Solteiro | 7 | 78% |
Casado | 2 | 22% |
Filhos |
|
|
Não | 6 | 67% |
Sim | 3 | 33% |
FONTE: dados coletados pelos pesquisadores.
Com relação a questões gerais relacionadas à saúde, 67% dos participantes afirmou não ter atividades de lazer e 33% tem esse tipo de atividade; 89% não pratica atividade física, enquanto apenas 11% pratica; 44% não possui parentes que apresentam alguma doença crônica e 56% possui parentes com estas doenças, sendo elas Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) com 60% dos que responderam possuir esse tipo de parente, diabetes com 20% e mais de uma das opções listadas (HAS, diabetes, câncer, artrose, artrite e outras) com também 20%. Estes resultados estão expressos na tabela 2.
Tabela 2: Distribuição dos voluntários quanto à presença de atividades de lazer, prática de atividades físicas e parente com doença crônica.
Variáveis | f | f% |
---|---|---|
Atividade de lazer |
|
|
Sim | 3 | 33% |
Não | 6 | 67% |
Atividade física |
|
|
Sim | 1 | 11% |
Não | 8 | 89% |
Parente com doença crônica |
| |
Não | 4 | 44% |
Sim | 5 | 56% |
*HAS | 3 | 60% |
*Diabetes | 1 | 20% |
*Mais de uma | 1 | 20% |
FONTE: dados coletados pelos pesquisadores; *Dentre os que responderam “Sim”.
Foram também colhidas informações sobre o trabalho. Quando questionados quanto ao tempo que desempenham a função de operador de caixa de supermercado, 33% respondeu trabalhar há um período de 1 a 2 anos e 11 meses, 33% de 3 a 4 anos e 11 meses, 11% de 5 a 6 anos e 11 meses e 22% trabalha há mais de 7 anos. Quanto à realização de outra atividade na empresa, exceto ser operador de caixa, apenas 11% não realiza outra atividade, enquanto 89% respondeu positivamente, sendo as atividades citadas as de embalagem, panfletagem e mais de uma. 56% dos voluntários apresentam outra tarefa fora da empresa e todos responderam que são atividades domésticas. Todos afirmaram ter apenas uma pausa durante o turno de trabalho cuja duração variou de até 20 minutos (67%), entre 21 e 40 minutos (11%), entre 41 e 60 minutos (11%) e mais de uma hora (11%). Durante a pausa, 78% responderam fazer refeição, 11% afirmaram cochilar e 11% realizam outra atividade (tabela 3).
Tabela 3: Distribuição dos voluntários quanto às questões relacionadas ao trabalho.
Variáveis | f | f% |
---|---|---|
Tempo que trabalha como caixa | ||
[1 – 3[ | 3 | 33% |
[3 – 5[ | 3 | 33% |
[5 – 7[ | 1 | 11% |
[7 ou mais | 2 | 22% |
Outra atividade na empresa |
|
|
Sim* | 8 | 89% |
Não | 1 | 11% |
Outra atividade fora da empresa |
|
|
Sim** | 5 | 56% |
Não | 4 | 44% |
Quanto tempo de pausa |
|
|
0 – 20] | 6 | 67% |
]20 – 40] | 1 | 11% |
]40 – 60] | 1 | 11% |
[60 ou mais | 1 | 11% |
O que faz nas pausas |
|
|
Refeição | 7 | 78% |
Cochilar | 1 | 11% |
Outra atividade | 1 | 11% |
FONTE: dados coletados pelos pesquisadores; * Embalagem, panfletagem e mais de uma atividade;
** Tarefas domésticas.
Quanto a queixas relacionadas com o trabalho, todos referiram alguma queixa álgica durante ou após o mesmo; quanto à posição que causa desconforto, 67% responderam sentir dor quando sentados, 22% em ortostatismo e 11% em ambas as posições; 44% afirmou permanecer por mais de 6 horas na posição de desconforto. Sobre o absenteísmo, 44% respondeu nunca haver sofrido, enquanto mais da metade da amostra (56%) afirmou já haver se ausentado do trabalho por motivo de doença, dos quais 20% apenas uma vez, 40% por 2 vezes, 20% por 3 vezes e 20% por mais de 5 vezes (tabela 4).
Tabela 4: Distribuição dos voluntários quanto à dor e absenteísmo no trabalho.
Variáveis | f | f% |
---|---|---|
Posição que causa desconforto |
|
|
Sentado | 6 | 67% |
Em pé | 2 | 22% |
Ambas | 1 | 11% |
Quanto tempo fica nessa posição |
|
|
Em torno de 1 hora | 1 | 11% |
Em torno de 2 horas | 1 | 11% |
Em torno de 3 horas | 1 | 11% |
Em torno de 4 horas | 1 | 11% |
Em torno de 5 horas | 0 | 0% |
Mais de 6 horas | 4 | 44% |
Não respondeu | 1 | 11% |
Absenteísmo |
|
|
Não | 4 | 44% |
Sim | 5 | 56% |
* Uma | 1 | 20% |
* Duas | 2 | 40% |
* Três | 1 | 20% |
* Quatro | 0 | 0% |
* Mais de cinco | 1 | 20% |
Fonte: dados coletados pelos pesquisadores; *Dentre os que responderam “Sim”.
Com relação à satisfação profissional, 67% da amostra está satisfeita com o ambiente de trabalho; 78% está satisfeita com a atividade laboral desempenhada, porém 78% não se sentem realizados profissionalmente (tabela 5).
Quando questionados sobre a renda salarial total, todos os participantes do estudo afirmaram possuir renda em torno de 1 a 2 salários mínimos.
Tabela 5: Distribuição dos voluntários quanto à satisfação profissional.
Variáveis | f | f% |
---|---|---|
Satisfação com o ambiente de trabalho |
| |
Sim | 6 | 67% |
Não | 3 | 33% |
Satisfação com a atividade de trabalho |
| |
Sim | 7 | 78% |
Não | 2 | 22% |
Realização profissional |
|
|
Sim | 2 | 22% |
Não | 7 | 78% |
FONTE: dados coletados pelos pesquisadores.
5.2. Percepção do estresse
Na análise do Questionário de Percepção do Estresse de Levenstein, os Índices de Estresse Percebido (IEP) derivados das pontuações variam de “0” (o mais baixo nível de estresse possível) a “1” (o mais alto nível possível de estresse). Na avaliação inicial, o valor do IEP médio da amostra foi de 0,49 e na avaliação final, os valores dos IEP médios para a amostra em geral foram de 0,37 (tabela 6).
Tabela 6: Pontuações do Índice de Estresse Percebido.
| N | Média | Desvio Padrão | P - valor | |
IEP inicial | IEP final | ||||
Indivíduos | 9 | 0,49 | 0,37 | 0,08 | 0,03 |
Observou-se na população em questão, que o Índice de Estresse Percebido (IEP) ao qual estão submetidos, inicialmente, foi de 0,49 e após o período de intervenção houve redução desse índice para 0,37 (p<0,05).
5.3. Desconforto corporal
As variáveis avaliadas em relação ao desconforto corporal foram o número de queixas em geral, a região acometida, o nível de sensibilidade e o tipo de desconforto.
Todos os voluntários apresentaram algum desconforto antes do início do período de intervenção e após a conclusão do mesmo.
Quanto às regiões com maior número de queixas, dentre as 59 avaliadas inicialmente, a amostra apresentou-se da seguinte forma: pernas 16%, pescoço 14%, coluna lombar 10%, mão/punho direito e esquerdo com 10% em ambos. À reavaliação, o número de queixas foi de 57, das quais as pernas, pescoço, coluna lombar e mão/punho direito e esquerdo obtiveram 14%, 12%, 9% e 5%, respectivamente.
As regiões que não apresentaram queixas inicialmente foram: abdome, cotovelo direito e esquerdo e pelve. Na reavaliação, foi verificado 2% de queixas no abdome, 5% nos cotovelos direito e esquerdo e 4% na região pélvica. Esses dados, bem como os de todas as outras regiões analisadas estão nas figuras 22 (tronco superior e membros superiores) e 23 (tronco inferior e membros inferiores).
Figura 22: Distribuição dos voluntários quanto à região corporal (tronco superior e membros superiores) que apresenta sintomatologia dolorosa.
Figura 23: Distribuição dos voluntários quanto à região corporal (tronco inferior e membros inferiores) que apresenta sintomatologia dolorosa.
Segundo o questionário aplicado para avaliação de desconforto corporal, a intensidade da sensibilidade dos desconfortos é classificada em cinco categorias: ausente, perceptível, moderada, severo e insuportável.
Inicialmente, os níveis de sensibilidade referentes ao número de 59 queixas apresentou-se da seguinte forma: perceptíveis 48%, moderadas 41%, 6% severo e 5% insuportáveis. Na reavaliação, esses níveis de sensibilidade referentes ao número de 57 queixas foram percebidos como 33% perceptível, 39% moderada, 19% severo e 9% insuportável (figura 24).
Figura 24: Distribuição dos voluntários quanto ao nível de sensibilidade referido.
Percebe-se uma diminuição das categorias “perceptível” e “moderada” e um aumento das categorias “severo” e “insuportável”, após o período de intervenção realizado.
O somatório inicial dos níveis de sensibilidade dos desconfortos foi de 609 e ao final do período de intervenção o valor desse somatório foi de 675.
Na observação estatística da variação do número de queixas total e do nível total de sensibilidade não foi encontrada significância, sendo 0,10 > p < 0,05.
5.4. Qualidade de vida
O questionário MOS SF – 36 resulta na avaliação de 8 domínios, os quais são: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais e saúde mental. Os resultados do comportamento destes domínios estão expostos na tabela 7.
Tabela 7: Escore dos domínios do MOS SF – 36.
Domínios | Inicial | Final | P – valor |
---|---|---|---|
Capacidade funcional | 72,22 | 81,67 | 0,128 |
Limitação por aspectos físicos | 72,22 | 88,89 | 0,115 |
Dor | 47,33 | 63,00 | 0,097 |
Estado geral de saúde | 51,33 | 73,11 | 0,017* |
Vitalidade | 46,11 | 68,89 | 0,011* |
Aspectos sociais | 63,89 | 79,17 | 0,074 |
Limitação por aspectos emocionais | 81,48 | 85,19 | 1,000 |
Saúde mental | 60,00 | 76 | 0,079 |
Somatório | 494,59 | 611,46 | 0,015* |
* p < 0,05.
Foi verificado aumento na pontuação de todos os domínios quando comparados os escores iniciais e finais, porém apenas para os indicadores “estado geral de saúde” e “vitalidade” a diferença foi estatisticamente significativa (p < 0,05), além do somatório dos valores dos indicadores de QV.