4.2. Atividade Escolar
A maioria dos jovens desta pesquisa estava cursando o Ensino Fundamental à época da realização da pesquisa e uma parcela significativa (95) possuía até 14 anos de idade. Constatamos que 87,69 % dos participantes estudaram no ano letivo passado. O fato de uma parcela significativa deles ter freqüentado a escola no ano anterior e possuir essa média de idade, pode ser um indicativo da situação geral do Ensino Fundamental no país, já que na faixa dos 7 aos 14 anos de idade, "o acesso à escola está praticamente universalizado (96,5%), incluindo as áreas rurais (...)". (IBGE, 2003, p. 13).
Para quase a totalidade dos participantes (92,67%) a escola tem "muita" importância em suas vidas. As reuniões da escola são freqüentadas pelos pais de 78,27% dos participantes, sendo que 59,42% já foram conversar com os professores, principalmente sobre dificuldades no entendimento de disciplinas, notas ruins e reclamar de acontecimentos específicos. A partir destes dados, podemos inferir que a escola pode atuar como uma base de apoio importante para os jovens desta pesquisa, já que eles revelam uma grande importância dada à mesma. Além disso, o intercâmbio entre os pais e os professores parece ser bastante significativo, nos fornecendo mais um indício que a escola configura-se como uma base de apoio, neste caso formal.
É importante destacar o alto nível de reprovação: 71,98% dos estudantes já foram reprovados pelo menos uma vez, especialmente por motivo de indisciplina, notas baixas, dentre outros. Dos que sofreram reprovação, 24% já foram mais de duas vezes e 10,9% mais de três vezes. Este é mais um dado que não deve ser concebido de maneira isolada. O Relatório de Desenvolvimento Juvenil, já citado anteriormente nos revela que dos jovens entre 15 e 24 anos matriculados nas escolas, apenas 40% se encontra na série correspondente à idade que possuem, Ou seja, 60% deles se encontram em defasagem escolar, devido a fatores como repetência e evasão. A faixa etária desta pesquisa não é a mesma que a indicada por este relatório, porém podemos traçar este paralelo quando às idades cronológicas se tornam menos importantes na medida em que as situações experimentadas por estes jovens são tão similares. Podemos constatar então, que o acesso ao ensino não é garantia para que os alunos consigam usufruir da escola os benefícios esperados. Porém, a defasagem escolar não é uma questão que envolva apenas a qualidade do ensino oferecido, mas sim outros fatores que estão para além dela, como a situação da entrada prematura no mercado de trabalho que leva tanto a repetência quanto à evasão escolar.
Além de todos estes dados, constatamos que apenas 20,68% (n = 79) dos estudantes já procuraram algum tipo de apoio para suas atividades escolares, tais como, grupo de reforço, professor particular, explicadora e psicopedagogo. Nesta seção indagamos, ainda sobre a participação dos adolescentes e jovens em cursos realizados em suas comunidades, apenas 75 dos 382, ou seja, 19,63% jovens haviam participado de algum curso, sendo o de informática o mais citado entre esses cursos, com 52 indicações. O de inglês foi o segundo mais citado com nove indicações. Esses dados alertam para a falta de opções que os jovens dessa comunidade vivenciam no que diz respeito às atividades extra-curriculares. Foi também observado que os pais da maioria dos alunos participantes da pesquisa costumam freqüentar as reuniões da escola, principalmente para acompanhar o desenvolvimento escolar do filho, discutir dificuldades e necessidades específicas de seus filhos, indicando claramente que há uma relação de confiança estabelecida entre a instituição escola e as famílias. Ou seja, podemos pensar que a escola se configura enquanto base de apoio na medida em que ela oferece o intercâmbio entre professores e pais de alunos, mas deixa de servir de suporte quando não oferece serviços "extras" que pudessem vincular o jovem a uma atividade de lazer ou profissional.