Objetivos. Material y método
OBJETIVOS
Objetivo Geral
- Identificar o perfil sócio-demográfico e a dinâmica familiar de crianças de escolas públicas e privadas da zona sudoeste da cidade do Recife.
Objetivos Específicos
- Identificar a idade dos casais e o tempo de casamento;
- Identificar o número de filhos, colocação de regras e limites e ações relativas à educação dos filhos;
- Verificar as funções exercidas pelo casal parental;
- Detectar os princípios religiosos da família.
MATERIAL E MÉTODO
Natureza da Pesquisa
A pesquisa é de natureza quantitativa.
Participantes
A população pesquisada foi de 164 pais (ou responsável) de crianças, com idade entre 06 e 11 anos, estudantes de escolas públicas e particulares da zona sudoeste da cidade do Recife. A zona sudoeste está compreendida pelos bairros: Afogados, Bongi, Mangueira, Mustardinha, San Martin, Areias, Caçote, Estância, Jiquiá, Barro, Coqueiral, Curado, Jardim São Paulo, Sancho, Totó e Tejipió, cobrindo uma área de 3.011 hectares e com população de 237.044 habitantes (EMPREL, 2000). Apesar de não ser objetivo da pesquisa estabelecer comparação, procurou-se trabalhar com a mesma quantidade de pais para ambas as escolas, ou seja, 82 pais ou responsável de crianças de escolas particulares e 82 pais ou responsável de crianças de escolas públicas.
Instrumento
Utilizou-se como instrumento um questionário com 48 (quarenta e oito) questões fechadas e de múltipla escolha (Anexo A). Esse instrumento foi adaptado do questionário utilizado em outra pesquisa realizada na cidade de São Paulo (CERVENY; BERTHOUD, e col, 1997) e aplicado em pesquisas PIBIC/UNICAP (AMAZONAS; LIMA e col, 2003, 2004, 2005, 2006). Dessa forma, não necessitou ser testado através de uma aplicação piloto.
Procedimento para a coleta dos dados
Inicialmente foi realizado um mapeamento e a localização das escolas da rede pública e privada da zona sudoeste da cidade do Recife. Em seguida, realizou-se um sorteio aleatório e radial, por bairro, de 10% das escolas, para identificar quais delas participariam da pesquisa. Após o sorteio das escolas e a fim de se trabalhar com uma amostra representativa, sorteou-se 30 alunos de forma aleatória, nas escolas que possuíam até 300 alunos, cuja idade se enquadrasse na amostra pesquisada e 10%, nas que possuíam acima de 300. Após a seleção da amostra foi enviada, pela criança, uma carta aos pais ou responsável solicitando sua participação na pesquisa e indicando a hora e o local para o primeiro contato com a pesquisadora bolsista. Nesse primeiro contato foi entregue uma carta contendo o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A) para participar da pesquisa. Após a assinatura do termo, foi explicado como responder ao questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados obtidos através dos questionários e visando atender aos objetivos da pesquisa, passamos a apresentação e dos resultados.
IDADE | PAI - % | MÃE - % |
18 – 25 | 1,8% | 5,45% |
26 – 33 | 21,21% | 39,39% |
34 – 41 | 34,54% | 33,93% |
42 – 49 | 16,36% | 10,90% |
50 – 57 | 6,6% | 2,42% |
Maior do que 57 | 1,8% | 1,21% |
Não responderam | 17,57% | 6,6% |
De acordo com a Tabela 1 percebe-se que a maior freqüência de idade dos pais está na faixa etária de 34 a 41 anos (34,54%) e das mães, de 26 a 33 anos de idade (39,39). Somente 1,8% dos pais e 1,21% das mães têm mais de 57 anos.
TABELA 2 – Tempo de união
TEMPO | PERCENTUAL |
Até 5 anos | 25,45% |
De 05 à 10 anos | 26,06% |
De 10 à 15 anos | 24,84% |
Mais de 15 anos | 15,15% |
Não responderam | 8,50% |
A Tabela 2 apresenta uma concentração de tempo de união entre 5 à 10 anos (26,06%), ou seja, os casais estão na fase chamada de aquisição, segundo Cerveny; Berthoud, e colaboradores (1997). Essa fase corresponde a um tempo de união que vai do zero aos dez anos e é caracterizada pela tarefa de "adquirir"; é permeada pelo processo de construção da vida a dois.
TABELA 3 – Jornada de trabalho da mulher
PERCENTUAL | |
Trabalha | 38,78% |
Não trabalha | 58,78% |
Não responderam | 2,425 |
Ao discutir a Tabela 3, o que se vê é que a maioria das mulheres não exerce função remunerada (58,78%), ou seja, quando perguntado, respondem que não trabalham fora, para cuidar da família. Levando-se em consideração que nesse universo há famílias de baixa renda (menos de um salário mínimo, como rendimento), o percentual das que não trabalham é considerado alto.
TABELA 4 – Religião da família
PERCENTUAL | |
Católica | 51,51% |
Evangélica | 32,72% |
Espírita | 2,42% |
Sem religião | 6,06% |
Mais de uma religião | 4,24% |
Não responderam | 0,60% |
Verifica-se na Tabela 4, acima, uma predominância da religião católica com 51,51% de respostas. Em seguida vem a religião evangélica apresentando 32,72% das respostas. Diante desses percentuais é possível considerar que essa população vem mantendo características religiosas tradicionais.
TABELA 5 – Número de filhos
Nº. DE FILHOS | PERCENTUAL |
De 01 a 03 | 81,81% |
De 04 a 07 | 12,72% |
Mais de 07 | 2,42% |
Não responderam | 3,03% |
Observa-se na Tabela 5, a predominância de 01 a 03 filhos por família (81,81%). Esse dado está em sintonia com pesquisas realizadas em outras zonas da cidade do Recife (AMAZONAS e LIMA, 2004, 2005, 2006) e sinaliza que a família recifense vem sofrendo diminuição em relação ao período colonial, por exemplo.
TABELA 6 – Como os pais vêem os filhos na organização familiar
PERCENTUAL | |
Ajudar na organização | 36,36% |
Cumprir as regras familiares | 39,39% |
Compartilhar com os pais à direção da família | 10,90% |
Continuar o nome da família | 23,63% |
Dar carinho aos pais | 42,42% |
Trabalhar e/ou estudar | 40,60% |
Unir os pais | 23,63% |
Não responderam | 2,42% |
Observa-se na Tabela 6 (de múltipla resposta) que 42,42% dos pais ou responsáveis considera dar carinho aos pais a principal função dos filhos na organização familiar. Trabalhar e estudar vêm em segundo lugar (40,60%). Indiretamente essas respostas refletem os valores da família. Nesse sentido, chama-nos a atenção quando 10,90% dos pais ou responsáveis incluem os filhos no compartilhamento da direção da família, ou seja, atribuem a eles a responsabilidade antes outorgada, apenas, aos pais enquanto figuras de autoridade.
TABELA 7 – Regras e limites estabelecidos às crianças
PERCENTUAL | |
Pelo uso do poder | 9,09 |
Através do diálogo | 86,66 |
Nada é imposto, pois as crianças não aceitam | 3,03 |
Não responderam | 1,21 |
Na Tabela 7, acima, se vê que as regras e limites são colocados com maior predominância pelos pais, através do diálogo (86,66%), seguidos do uso do poder (9,09). Este é um dado considerado por nós como positivo, uma vez que ressalta o valor do diálogo na família. É através do diálogo que a família da zona sudoeste está ensinando aos seus filhos lidar com o diferente.
TABELA 8 – Ações relativas à educação dos filhos
PERCENTUAL | |
Pela mãe | 29,69% |
Pelo pai | 64,84% |
Por ambos | 3,03% |
Por parentes | 0,60% |
Não responderam | 1,81% |
Em relação à Tabela 8, a responsabilidade da educação dos filhos está sob o controle do pai (64,84%), seguido pela mãe (29,69%). Ou seja, apesar de não vivermos mais o patriarcalismo tradicional, ainda é o pai que conduz as ações relativas à educação dos filhos. Somente 3,03% consideram que ambos os pais devem educar os filhos.